"E se fosse comigo?"
E se fosse comigo?"
por Helena Castro, Mediadora Linguística e Cultural do Agrupamento de Escolas de ErmesindePode ser uma frase batida, mas as coisas que parecem básicas têm, tantas vezes, que ser lembradas. Por isso, falemos nesta, pensemos nesta, debatemos esta: "e se nós fossemos migrantes?"
Nesta comunidade escolar encontrei professores disponíveis, uma direção exemplar e um corpo de auxiliares atento e expedito. Mas há sempre algo que podemos continuar a trabalhar para melhorar.
Nos registos que faço durante os contactos com os alunos, há queixas sobre comentários depreciativos baseados na cor da pele. E são inaceitáveis. Não por sermos de esquerda ou de direita. São inaceitáveis porque são de uma profunda ignorância - até - científica. De uma tremenda falta de caráter.
Enquanto educadores, temos o dever de ensinar o, e com, bom senso. Construir uma sociedade empática, uma sociedade justa e onde todos exerçam o seu direito a lutar por uma vida melhor. Uma vida boa.
Façamos o exercício de imaginar o que sentiríamos se fossemos lecionar para Angola e de pôr os nossos alunos a listar que coisas levariam se tivessem de sair de casa, porque está a ser bombardeada, ou como se sentiriam se o pai deles fosse atravessar o mar Mediterrâneo num barco de borracha sobrelotado, levando todo o dinheiro da família, para poder chegar à Europa e ali tentar arranjar um novo lar. Para todos.
Registem os resultados destes exercícios e partilhem-nos. Servirá de radiografia à realidade que vivemos nas escolas e dar-nos-á uma excelente base de trabalho para podermos melhorar em conjunto. Porque é possível.
Para assinalar este Dia Internacional do Migrante, instituído pelas Nações Unidas no ano 2000, desafiei dois alunos a escrever sobre o que sentem, na pele de alunos estrangeiros.


Comentários
Enviar um comentário