Texto de apreciação crítica do 12ºD

A respeito da visita de estudo ao Teatro Sá da Bandeira, realizada no dia 9 do presente com a participação de todos os 12.º anos do Agrupamento, as alunas Mariana Almeida e Sofia Fernandes, do 12.º D, escreveram a seguinte apreciação crítica.


Pessoalmente

Obra realizada e produzida pela companhia de teatro ACTUS, “Pessoalmente” é uma peça inspirada na vida e na obra de Fernando Pessoa, que serviu para consolidar o conhecimento dos alunos do 12.º ano que se dirigiram ao Teatro de Sá da Bandeira para a assistir no dia 9 de janeiro do presente ano letivo.

Um dos aspetos merecedores de mais destaque, e que mais abarcava dúvidas, foi a representação da heteronímia. Apesar da complexidade deste desafio, os atores fizeram uma construção capaz de transmitir de forma excelente a ideia. Portanto, no início do teatro, apresentaram-nos sete personagens com personalidades e compleições diferentes e pequenas alterações no figurino, ainda que o mesmo se baseasse no figurino do poeta, ou seja, observou-se a concretização em presença da multiplicidade indefinida de Fernando Pessoa.

Ao longo da peça, ficou demonstrada uma ótima articulação entre a obra e vida do autor, vertida no guião escrito pelos atores. Assim, ficou esclarecia a incompreensão que Fernando Pessoa sentiu e uma possível leitura/explicação da sua vida melancólica, mas que, apesar de tudo, teve facetas mais bem-humoradas e de alegria lúdica. A companhia fez-nos usufruir dos poemas com o intuito de complementar de ir contando a história deste poeta e, embora o ritmo fosse um pouco inadequado na declamação de algumas composições poéticas, quando recitaram “Aniversário”, o público jovem envolveu-se e compreendeu o sentimento de abulia que assim ficou representado. Nesta parte, contemplou-se, em termos de fingimento artístico, a apresentação dos heterónimos estudados ou abordados no ensino secundário: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e o semi-heterónimo Bernardo Soares. Estes já se afastavam em termos de figurino do seu criador como se fossem as suas próprias pessoas.

O próprio teatro assemelhou-se a um poema, apresentando-se de forma circular, isto é, no começo, os heterónimos vestiam, compondo o “boneco” Fernando Pessoa, sendo uma parte relevante na sua identidade, e, no fim, aquando da morte, retiraram-lhe a roupa, no entanto, nenhum estava realmente morto, porque “morrer é não ser visto”.

Concluindo, esta experiência foi impactante no sentido em que humanizou o autor de forma criativa e autêntica, prendendo a maioria dos espectadores em todo o percurso, seja pelo inusitadamente “ridículo” ou pelo genial das situações criadas em cena. O público, com esta peça, conheceu Fernando Pessoa como se se tratasse de um amigo dele em vida...para a vida toda.

Mariana Almeida e Sofia Fernandes, 12.º D.




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